segunda-feira, 19 de novembro de 2007

I Can’t Stop Loving You - 3 Parte


A primeira reação que tive ao ver a loirinha apontar a arma em minha direção foi do mais puro receio.
-Que é isso garota, abaixa isso ai, vai que esse troço pipoca! Somos jovens demais, eu pra ir pro cemitério, você pra pegar uns vinte anos de cadeia!
Mesmo estando com meus nervos alterados ao encarar o trabuco. Coisa que nunca havia feito na vida. Estava com tanta certeza que a pobre coitada não me faria mal algum que mesmo acuado naquela situação pouco comum, continuei agindo como se não fosse comigo, tirei os olhos da arma e me voltei para o semáforo, que finalmente havia resolvido me dar uma mãozinha, acelerando sua velocidade de troca e restando apenas duas casas vermelhas apenas para serem obedecidas. E quem foi que disse que a loirinha acompanhou meu raciocínio.
-Escuti aqui seu pedaço de gente, vai me pedir as desculpa ou não vai!
Não havia outra escolha, eu não poderia ficar ali imune àquele festival de agressividades ao bom e velho Português. A mulher era uma verdadeira metralhadora de ofensas ao bom e velho idioma da pátria mãe.
-Tô falano com você!
Resolvi colocar um fim naquela palhaçada toda. Afinal, quem mandou estar feliz da vida e sorrir para a pessoa errada. Não custava pedir uma desculpazinha fajuta pra uma neurótica estranha qualquer. Tirei minha atenção do semáforo e ao dar de cara com a arma apontada para minha cabeça resolvi colocar um ponto final naquela situação toda. Quando estava prestes a abrir a boca e pronunciar as palavras mágicas o telefone celular da loirinha soou feito um condenado. Advinha qual era o toque emitido pelo miserável: “I Can’t Stop Loving You”. Juro que naquele instante tentei não ser preconceituoso, tentei pensar desde terriveis desastres de avião até a conta da luz que está a mais de mês atrasada. Mas nada era capaz de me mudar de foco, o motivo que leva alguém colocar um clássico da música como a porra do toque do celular é muito maior do que a própria razão da existência. A cada ligação que aquela merda de celular recebesse o velho Ray Charles com certeza se movia na cova. E eu achando que as surpresas a mim reservadas haviam chegado ao fim. Quando a loirinha depois de mais de um minuto procurando o maldito aparelho entre suas quinquilharias pessoais o encontrou a que a mim estava guardada era ainda maior. O celular da garota simplesmente parecia um pequeno artefato alienígena. Era uma mistura dos primeiro modelos do gênero, aqueles tijolões tamanho família com uma capa de Zebra. Quando ela abriu o dito cujo e pronunciou:
-Oi! Sidirléya no aparelho! É Sidirléya com Ipisilongue no final!
Sinceramente? Era humanamente impossível segurar o riso. Mas o que saiu de dentro de mim não foi um riso qualquer foi uma verdadeira gargalhada. Eu ria tanto que parecia possuído. Contraia tanto meus músculos faciais que por muito pouco não tive um troço. Só parei de rir daquela estupidez toda quando ouvi dois estampidos vindo do revólver da loirinha e senti imediatamente meu carro pender pro lado dela. Não é que a maldita havia acertado os dois pneus do meu carro.
-Ria agora Mané! Ria?!

3 comentários:

Cachaça Níquel, Vaqueiro Melódico, DJ Cábron, The Boy With No Band e o Portador dos Testemunhos disse...

ow fernandão novo vizinho da nova vizinhança...a loiraça botou o resto do povo pra rir tbém. bem vindo q vem vindo!

BluesWriter disse...

Valeu Couto...valeu....
Abraço!!!

Anônimo disse...

Voce estava SEM SORTE mesmo...hihihi